domingo, 30 de janeiro de 2011

Boletim "Gratia Plena" nº 190 - Ano V - Boletim Semanal

O ícone da transfiguração

Neste ícone, contemplamos a figura de Cristo, que se dá a conhecer (teognosis), como verdadeiro Deus, aos apóstolos. É através de sua luz que isso se dá – “em sua luz contemplamos a Luz” (Sl. 35.10). Podemos, com isso, dizer, que o ícone da Transfiguração do Senhor é o “Ícone da Luz”, pois é disso, precisamente, que ele fala. É o retrato visível da manifestação divina, da glória além do tempo. Segundo Paul Evdokimov, essa imagem é, mais que qualquer outra, o exemplo do princípio segundo o qual um ícone não há de ser objeto do olhar, senão de contemplação. Um iconógrafo, depois de ter adquirido um conhecimento aprofundado em matéria de arte, inicia o seu ministério, pintando como primeiro ícone o da Transfiguração. Evdokimov comenta que o ícone, antes de tudo, é pintado não tanto com as cores, mas com a luz tabórica. É desta luz, que o iconógrafo se utilizará para escrever todos os ícones de sua vida. Este, como todos os ícones, é uma verdadeira página da Sagrada Escritura escrita não com tintas e pena, mas com cores e luz. Iniciemos, portanto, a leitura do ícone: O ícone da Transfigura retrata a cena central do Evangelho da Transfiguração, relatado nos três Evangelhos sinóticos. O Cristo sobe com os três apóstolos ao monte Tabor e lá se transfigura diante deles. “Seu rosto resplandeceu como o sol, suas vestes tornaram-se brancas como a luz, tão brancas que nenhum lavadeiro do mundo poderia alvejá-las assim.” (cf. Mt.17.2., Mc.9.3). Aparecem então Moisés e Elias, que conversavam com Jesus. Os apóstolos caem com a face em terra diante de tamanha glória. Pedro ousa elevar o olhar e diz: “Rabbi, é bom estarmos aqui; ergamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, outra para Elias”. Eis que apareceu uma nuvem que os encobriu e dela veio uma voz que dizia: “este é meu Filho bem-amado, ouvi-o!”. Logo após, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, só, em sua simplicidade humana, com eles. O monte: Cristo deseja conduzir estes apóstolos aos cumes do conhecimento de seu mistério. Para isso, sobe com eles o Monte Tabor. É na montanha de Deus, no Horeb, que Deus dá-se a conhecer a Moisés também. Em manifestação semelhante à Transfiguração, na sarça que não se consumia, Deus fala a ele e revela o seu Nome (cf. Ex. 3), atitude, que expressa o desejo de Deus em restabelecer diálogo e intimidade com o homem. O desejo do Criador de revelar-se em seu Ser à criatura. É também no Horeb, que Elias conhece o Senhor e o escuta na suave brisa. Ele, como os apóstolos no Tabor, é obrigado a esconder o rosto, pois este Deus é terrível. A montanha é o símbolo do conhecimento, e para se alcançar este conhecimento, é preciso galgar o duro e árduo caminho do monte, por entre as pedras e espinhos. O cenário rochoso do ícone revela a dureza deste mundo, as dificuldades que o homem tem que atravessar para chegar, ou melhor, para retornar a Deus. Os Apóstolos: Eles ocupam a parte inferior do ícone, fazendo parte daquilo que é terrestre. Caem prostrados com a face em terra, por não terem suportado tamanho esplendor, e são tomados por um profundo sono (cf. Lc. 9.32); mergulham na escuridão e ao acordar vêm a glória de Jesus. Algo semelhante acontece com Saulo, na estrada que leva à Damasco (cf. At. 9). Ao ver a luz vinda do céu, cai por terra e mergulha na escuridão. Depois de três dias renasce o homem novo, Paulo, o servo de Deus. Esta passagem pelas trevas faz parte do mistério da morte e ressurreição, pelo qual todo aquele, que deseja conhecer a Deus e o seu Reino deve passar. Eles não entendem muito bem o que está acontecendo, mas vivem este momento maravilhoso com intensidade e são tomados pelo temor e pela alegria celeste. Sentem o desejo ardente de permanecer mergulhados nesta paz tão sublime; “é bom estar aqui” diz Pedro, o primeiro a acordar. Jesus tem a intenção de fazer com que estes apóstolos sejam introduzidos no mistério trinitário, da qual Ele é partícipe. Para isso, Ele infunde no coração deles o desejo pelas coisas do alto, que no alto deste monte já têm o privilégio de contemplar. Esse desejo pelas coisas eternas, nada mais é do que o desejo e a ânsia mais profunda de estar com Deus, de estar com o Santo. No alto do Tabor, Cristo transfigura a existência dos apóstolos, infundindo neles a vocação à santidade. Ao ouvirem a voz vinda da nuvem: “Este é o meu filho bem-amado, aquele que me aprouve escolher. Ouvi-o” (Mt. 17.5), eles são tomados de temor. “O fascínio do rosto transfigurado de Cristo não os impede de se sentirem assustados diante da majestade divina que os ultrapassa. Sempre que o homem vislumbra a glória de Deus, faz também a experiência da sua pequenez, provocando nele uma sensação de medo. Este temor é salutar. Recorda ao homem a perfeição divina, e ao mesmo tempo incita-o com um premente apelo à ‘santidade’”. Moisés e Elias: São estes os dois personagens que os apóstolos vêm ao lado de Jesus. Têm os seus corpos levemente inclinados em sua direção, em sinal de reverência e adoração. Representam a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias). Cristo, porém, é a personificação, o centro e o cumprimento da Lei e de toda Profecia. Moisés, à direita, trás consigo um volume da Lei, que parece oferecer ao Cristo. Tem a alegria de contemplar o que tantos profetas e justos quiseram ter contemplado (cf. Lc. 10.23). Por sua vez, o Cristo, já prefigurado pela pessoa de Moisés no Antigo Testamento, trás em sua mão o Evangelho, a “Boa Nova”, que contém em si, de maneira perfeita, toda a Lei e o cumprimento de toda Profecia. Segundo Orígenes, o erro de Pedro ao expressar seu desejo de construir três tendas, está justamente neste ponto: “porque para a Lei, os Profetas e o Evangelho não existem três tendas mas uma só, que é a Igreja de Deus.” Elias, à esquerda, com sua mão direita, aponta o Salvador; atitude que mostra, que Cristo é o centro das profecias. Como profeta, sua missão foi de revelar aos homens as Palavras que ouvia de Deus, e em particular o seu amor. Agora, no entanto, é o próprio Verbo, o próprio Amor, que vem e se revela em pessoa aos homens. Ele, que teve o privilégio de uma experiência de Deus, das mais belas narradas na Escritura, agora contempla a face do Senhor. Não precisa mais cobrir o rosto, como fez no Monte de Deus, o Horeb, mas fica face a face com Ele, e fala-lhe como a um amigo. Isto porque tanto ele como Moisés, já não pertencem mais a este mundo, mas têm parte na morada celeste. Os “amigos do esposo” têm este privilégio, o de poder falar-lhe ao coração. O Cristo: O Cristo apresenta-se no centro do ícone, assim como no texto do Evangelho. Isto nos mostra que Ele, de fato, é o Centro de todas as coisas. É dele também que procede toda a luz, que ilumina a cena. Tudo está iluminado por esta luz maravilhosa, que irradia de sua pessoa. Ele é a própria Luz – “O Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.” (Jo. 1.9). Os evangelistas nos descrevem que Cristo brilhava como o sol e suas vestes eram de uma brancura fulgurante, como a luz. São João Crisóstomo comenta estas comparações como não sendo adequadas, mas eram as que descreviam mais de perto o que viram os apóstolos. Ele é brilhante como o sol, pois que astro conhecemos que tenha maior brilho? Branco como a luz ou como a neve; pois o que há de mais branco? Se o resplendor, segundo João Crisóstomo, tivesse sido como o sol ou como a neve, com certeza, eles não teriam caído com a face em terra; mas porque resplandecesse mais que isto, sim: este é um motivo para caírem por terra. Os círculos ao redor da figura de Jesus representam os céus. Percebe-se que Ele ultrapassa os seus limites, pois nem mesmo os céus são capazes de conter tamanha grandeza. Cristo está ao centro do ícone, pois é Ele o centro não só do acontecimento teofânico, mas é em pessoa o Centro e Senhor de tudo o que existe, do visível e do invisível. Ele está entre o céu e a terra, como que suspenso. É o ponto de intersecção entre a realidade celeste e a terrestre; entre a natureza divina e a humana. “Jesus realiza a união de Deus com o homem e do homem com Deus.” É o Unigênito que, saindo do seio do Pai, veio habitar em nosso meio e revelou a Deus, a quem ninguém jamais viu (cf. Jo.1.18). Através deste Mistério, Cristo nos revela sua natureza divina e percebemos claramente, que ele, de fato é o “ícone do Pai”. Da grande luz, que envolve o Cristo, partem três raios, que incidem diretamente sobre os apóstolos. Por não suportarem tamanho esplendor, caem de rosto por terra, visto que, nenhum homem pode ver a face de Deus e continuar vivo (cf.Ex.33,20). A “luz tabórica”, contemplada pelos apóstolos, é quase nada, uma sombra, em comparação com a luz que envolve a Cristo, a luz inacessível onde habita Deus (cf. II Tim. 6.16). Eles contemplam a glória de Cristo, conforme sua capacidade humana, através desta luz que lhes é concedida, pois é em sua luz que podemos contemplar a verdadeira Luz (cf. Sl. 35.10). É dada a eles a graça de poderem ver com os seus olhos de homens aquilo que pertence ao mundo espiritual. Segundo a teologia e a tradição orientais, na verdade, não é o Cristo que muda, pois este é Deus, e, em Deus não há mudanças, Ele é eterno desde todo o sempre, “o mesmo ontem, hoje e sempre”. A mudança ou “metamorfose”, acontece nos três escolhidos. São seus olhos humanos que se abrem para uma dimensão espiritual e escatológica. Já neste mundo lhes é dado contemplar o Reino dos Céus, como havia prometido o Mestre. Aquele que contempla o ícone da Transfiguração, como os apóstolos, recebe um foco da luz divina, que envolve o Senhor. E através desse foco de luz pode contemplar o mistério, que antes de ser compreendido, deve ser vivido em toda a sua intensidade. Visto que o ícone evoca uma presença atual do mistério proposto, assim como as Escrituras o fazem de maneira ainda mais perfeita, aquele que o contempla é convidado a participar e viver o que se lhe apresenta aos olhos. Busquemos pois escalar este monte santo para ali recebermos, também nós, a graça de sermos transfigurados, antecipando assim, já neste mundo, o Reino dos Céus. Que através desta janela para o mundo celeste, que é o ícone, um raio desta luz misteriosa incida sobre nós e possamos ver o Cristo em sua Glória. Amém. [Fonte: http://www.transfiguracao.com.br]


Lecionário Ferial desta semana
31 – Sl. 64, 65; Is. 51.17-23; Gl. 4.1–11; Mc. 7.24-37
01 Sl. 61, 62; Is. 52.1-12; Gl. 4.12-20; Mc. 8.1-10
02 – Apresentação de N. Sr. Jesus Cristo no Templo. Sl. 72; Is. 54.1-17; Gl. 4.21–31; Mc. 8.11-26
03 – Sl. 74; Is. 55.1-13; Gl. 5.1-15; Mc. 8.27-9.1
04 – Cornélio, o Centurião. Sl. 73; Is. 56.1-8; Gl. 5.16-24; Mc. 9.2-13
05 – Os Mártires do Japão, 1597. Sl. 75, 76; Is. 57.3-13; Gl. 5.25-6.10; Mc. 9.14–29

Rezemos Juntos
Pela Igreja Anglicana de Hong Kong;
Paróquia Divino Salvador – Pelotas/RS;
Missão do Divino Salvador – Torres/RS;
Instituto Anglicano Barão do Rio Branco – Erechim/RS;
Comissão Diocesana de Comunicação;
Estatístico Diocesano.

Aniversariantes da Semana
01/02 – Maria Batista da Costa
01/02 – Marino Lopes de Lima
02/02 – Thaís dos Santos Leita
02/02 – Bruno Barcellos
02/02 – Alanis Pamela Luz
03/02 – Sílvia Cristina de Andrade
05/02 – Victor Hugo Dalnegri Filho

Memorial
01/02/1967 – Maria Batista da Costa
03/02/1959 – Úrsula Sobestiansky

Proclamas
Publico os proclamas de casamento entre Carla Beazutti e Cesar Arantes Sobral. Se alguém de vós conhecer alguma cousa, ou justo impedimento pelo qual estas duas pessoas não se deve  unir em Santo Matrimônio, deve declará-lo. É esta a primeira vez que requeiro.

Expediente
A partir do dia 01/02, terça-feira, voltaremos a ter o expediente na Secretaria Paroquial com o retorno das férias do Revdo. Josué.

Encontro de Ministros Leigos
Este início de ano, faremos uma experiência de mudança de horários, conforme solicitações. Portanto, próximo sábado, às 16hs., teremos o encontro mensal dos Ministros Leigos. Não se esqueça de sua apostila.

Encontro do Sodalício do Altar
Próximo sábado, às 15hs., haverá encontro do Sodalício do Altar, na secretaria paroquial. Não se esqueça de seu material.

Encontro da ISA
Próximo sábado, às 17hs., na Secretaria Paroquial, haverá o encontro da Irmandade de Santo André, capítulo Mater Dei. Todos os andrelinos estão convocados.

Domingo do Aniversariante
Próximo domingo, teremos o domingo do Aniversariante. Todos os aniversariantes do mês de fevereiro, estão convidados a celebrar conosco esta festa.

Apresentação de N. Sr. Jesus Cristo no Templo
Próxima quarta-feira, às 19hs., no Templo da Paróquia, haverá a Oração Vespertina em memória da Apresentação de N. Sr. Jesus Cristo no Templo. Venham, tragam suas famílias e amigos.

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